MPF ajuíza duas ações sobre saúde indígena na Paraíba
Na Paraíba, o Dia D da Saúde Indígena (10 de dezembro) foi
marcado por uma audiência pública convocada para apresentação das duas ações
judiciais propostas nesta data, contra a União (Secretaria de Saúde Indígena do
Ministério da Saúde - Sesai) e discussões sobre a prestação dos serviços de
saúde às comunidades potiguara e tabajara. Compareceram à audiência
representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Sesai além de índios e
suas lideranças.
A propositura das ações sobre saúde indígena foi anunciada
pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão Duciran Farena, em audiência
pública realizada na tarde de hoje (10). A primeira, objetiva a regularização
do atendimento prestado pelos polos base (postos de saúde) indígenas e Casas de
Apoio à Saúde do Índio (Casais) no município de Marcação (PB). Segundo o
procurador, inspeção realizada em novembro de 2012 constatou problemas como a
falta de serviços de transporte, inclusive para emergência, falta de
equipamentos, materiais de consumo e higiene, falta de medicamentos, até mesmo
básicos como esparadrapo e não pagamento das contas de luz.
A segunda ação visa obrigar a União a assumir o sistema de
abastecimento de água da Aldeia Três Rios. O poço e a caixa de água que servem
a aldeia, fundada em 2003, foram construídos pelo município de Marcação em
2005, com verbas federais oriundas de um convênio celebrado com a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), órgão então responsável pela saúde indígena. No
entanto, como a obra foi executada de forma defeituosa (apesar do repasse
integral dos recursos) e a Funasa recusou-se a recebê-la. Desde então, a
situação do equipamento vem se agravando pela falta de manutenção, realizada de
forma esporádica e insuficiente pelo município. Também pela falta de pagamento
das contas de luz, a ameaça de corte da energia para a bomba de água é
constante.
A comunidade vem consumindo água contaminada, pois não é
submetida a qualquer tratamento. No ano passado, o MPF, em diversas reuniões,
tentou fazer com que a recém-criada Sesai assumisse o abastecimento da aldeia
Três Rios, consertando o sistema existente ou construindo outro. Apesar da
disposição inicialmente mostrada pelos dirigentes locais (o Dsei-PB), a
assunção do serviço foi vetada pela Sesai em Brasília, sob o argumento de não
poderiam receber obras com pendências.
Para Duciran Farena, a recusa é absurda e ilegal. “Os
indígenas não podem ser responsabilizados por problemas de prestação de contas
de convênios celebrados com órgãos do governo federal. Se há pendências, que a
Sesai cobre dos administradores da Funasa que não fiscalizaram a construção da
caixa d'água. Se há faturas de energia não pagas, que cobrem da Funasa ou da
autoridade que entenderem responsável ou então construam um novo sistema de
abastecimento. O que não pode é quererem se livrar da responsabilidade pela
saúde da comunidade indígena que está até hoje consumindo água contaminada por
falta de tratamento, e corre o risco de ficar completamente sem abastecimento,
se a luz for cortada”, afirmou.
As ações em prol da saúde indígena desencadeadas pelo Dia D
prosseguem, sendo motivo de especial preocupação da Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão a recusa da Sesai em prestar atendimento médico aos
indígenas tabajaras, que ainda não possuem qualquer terra demarcada.
Fonte: PB VALE
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