domingo, 21 de julho de 2013

Diário de uma Foca: Viagem a Baía da Traição


Uma história que começa na Baía da Traição do século dezesseis. Rituais com narrativas seculares para contar. Repetidas ao longo dos anos, passadas de geração em geração. Única reserva indígena oficialmente reconhecida da Paraíba, os Potiguaras ainda conservam sua identidade.
O Toré até hoje resgata um pouco das raízes, em verso ou em prosa, em português ou no idioma oficial, o tupi-guarani. A dança é encenada desde os tempos primitivos. Os índios com vestimentas e instrumentos típicos hipnotizam os espectadores.
A população indígena Potiguar hoje é de cerca de 14 mil habitantes, espalhados em 26 aldeias e nas áreas urbanas de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação. Uma das maiores fontes de renda dos Potiguaras é o artesanato. A arte é produzida a partir da palha, ossos, sementes e coco. Colares, pulseiras, brincos e a indumentária indígena atraem turistas que vem até da Europa apreciar o trabalho.
Os visitantes também vêm em busca das belas paisagens que ficam em território potiguar. Não é qualquer que tem do quintal uma visão como essa. E que dá acesso a espetacular Praia de Tambá. Foi do alto dessas falésias em meados de 1500, onde os índios assistiram a invasão dos europeus, que vieram buscar as riquezas da terra habitada pelos indígenas. Até hoje as tribos reverenciam um guerreiro conhecido como Pedro Poti, que dedicou grande parte da vida a ser o guardião da aldeia Potiguar.
No princípio o lugar era chamado de Acajutibiró, que em tupi significa “sítio de caju”. O surgimento do nome Baía da Traição é cercado de controvérsias. Mas a versão mais aceita pelos historiadores é a de que o nome Traição se refira a primeira expedição em 1501 comandada pelo famoso Américo Vespúcio – quando três marinheiros portugueses teriam sido mortos e devorados pelos nativos.
Estar nesse lugar de areias brancas, vento forte e mar traiçoeiro é uma viajem na imaginação, noutro tempo… Onde se pode brincar de inventar gente que não existe mais, que sonhou, lutou, viveu e morreu aqui. Na região onde a história se trai, certeiro mesmo é só o horizonte, lá longe, onde das falésias é quase possível ver a chegada das caravelas descendo o Oceano Atlântico.

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