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Especial realça questão indígena

Para os especialistas ouvidos, a reportagem sobre índios no Nordeste valoriza a luta desses povos

Fortaleza. O Diário do Nordeste publicou ontem o segundo caderno da trilogia "Excluídos", que trata de três grupos de brasileiros que lutam para exercer a sua cidadania. Com foco nos indígenas, o caderno tratou das injustiças históricas sofridas pelos primeiros habitantes das terras brasileiras.

Os Potiguara de Baía da Traição, na Paraíba, foram alguns dos grupos indígenas ouvidos na segunda parte da trilogia "Excluídos", publicada ontem. O próximo caderno, sobre os ciganos, sai na sexta-feira, 14 de junho Foto: Eduardo Queiroz

Sobre o caderno, Sérgio Brissac, que é doutor em Antropologia e perito do Ministério Publico Federal (MPF), afirma: "por acompanhar as questões relativas a direitos indígenas no Ceará, enquanto antropólogo perito do MPF, percebo como é importante para esses povos que cresça na população cearense o conhecimento, a sensibilidade e a solidariedade em relação a eles; reconhecer a valiosa contribuição deles na nossa construção identitária; e reconhecer que nossa dívida para com essas etnias é imensa. Nesse sentido, a matéria de Iracema Sales, Fernando Maia, Maristela Crispim e Melquíades Júnior oferece uma contribuição significativa".

Maria Amélia Leite, coordenadora da organização não-governamental (ONG) Missão Tremembé, indigenista que há mais de 40 anos luta pelos direitos dos índios do Ceará, destaca: "essa matéria reforça a luta dos índios, que já é tão cheia de resistências. Eu agradeço ao Diário do Nordeste e, em especial, à equipe que trabalhou nesse material tão rica e relevante".

"Consideramos o material de extrema importância, pois valoriza e dá visibilidade a várias questões que envolvem esses povos na região, ainda mais numa época de violentos ataques aos indígenas brasileiros", afirmou Cleber Buzzato, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Fac-símile da capa do especial sobre os indígenas que tratou das injustiças historicamente cometidas contra os primeiros habitantes destas terras

Lutas recentes
Filósofo e historiador, Saulo Feitosa é especialista em Bioética, conselheiro Cimi e acompanha de perto as lutas dos povos indígenas pela recuperação étnica, territorial e cultural. Para ele, esses povos já enfrentam uma segunda ofensiva no atual governo. A primeira foi a Portaria Nº 302, da Advocacia-Geral da União (AGU), que autoriza o governo a contratar a implantação de rodovias, hidrelétricas, linhas de transmissão de energia em terras já demarcadas, por conta das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A segunda é o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) Nº 215, que propõe transferir da Funai para o Congresso a atribuição de demarcar terras indígenas, "o que poderia revogar todas as conquistas desses povos".

A nossa história é reveladora dos sofrimentos das populações indígenas brasileiras. Recentemente redescoberto, no Museu do Índio, o Relatório Figueiredo mostra, em mais de 7 mil páginas, assassinatos em massa, torturas, escravidão, abuso sexual e negligência contra os primeiros habitantes destas terras. Encomendado pelo Ministério do Interior, em 1967, ele revelou atrocidades cometidas entre1947 e 1988, inclusive pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), e resultou na criação da Fundação Nacional do Índio (Funai).

A relação entre Estado e povos indígenas brasileiros sempre foi pontuada pela ambiguidade. Primeiro, veio a colonização. Em 1910, foi criado o SPI, e, em 1970, a Funai, ambos para "proteger". A Constituição de 1988 representou uma grande vitória na luta dos indígenas, uma vez que, até então, a política era "integrar". Mas não tem sido fácil. Foram muitas lutas para terem vez e voz, deixarem de ser invisíveis e avançarem nas conquistas sociais. No campo simbólico, ainda temos muito o que aprender com esses povos e, em primeiro lugar, vem o respeito.

Neste momento, o Governo Federal declara que a Funai não deve ser o único órgão responsável pela demarcação de terras indígenas e sugere a inclusão no processo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros setores. O Cimi, por sua vez, acredita que essa é uma tentativa de enfraquecer o Órgão. A reação dos índios veio em forma de protestos.



fonte: diário do nordeste
MARISTELA CRISPIM
EDITORA DE REPORTAGEM
 

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